Aqui começa a bagunça: muita expectativa, muita emoção e necessidade de se adaptar

O rolê começou saindo de São Paulo a Bariloche de avião, não vou falar muito dessa parte, que é mais chata e burocrática, mas importante. Talvez faça um post somente sobre isso depois. Em Bariloche fiquei em um hostel excelente chamado Penthouse 1004, o lugar foi excelente. Fica no topo de um prédio comercial, tem diversos quartos coletivos e privados, uma área comum enorme, cozinha super equipada e uma ótima área para armar a bicicleta. A vista também é sensacional!!! Super recomendo, o preços em Bariloche são um pouco salgados, assim que esse hostel não saiu barato, mas valeu super a pena. Esta no centro, perto de tudo e a atenção deles foi sensacional em tudo. Ainda deixa o mala bike aqui, para não ter que carregar durante a viagem.

Para cruzar os Andes contratei um serviço de cruzamento em Bike & Boat, não dá para fazer essa travessia de outra forma, se vamos pelos lagos, tem que pagar esse tour. Existem outras travessias por estrada, mas essa me pareceu a mais bonita. O custo foi de cerca de USD 120,00 e também são oferecidos passeios completos. A diferença do Bike & Boat para o Completo é que no completo te levam até as cidades de saída de carro, no Bike & Boat, tem que pedalar tudo.

Os primeiros 25 km: já vi que teria que fazer adaptações

A expedição sai de Puerto Pañuelo, a 25km de Bariloche, assim que eu saí bem cedo, para chegar as 9:00 no porto. Eu não fiz nenhuma viagem de teste no Brasil, então não poderia dar o azar de algo sair do controle já nesse trecho e perder o rolê. Comecei a pedalar e logo de cara vi que a bike estava extremamente pesada. A coisa piorava pois quase toda a carga estava nos garfos, isso estava deixando o controle bastante difícil. Para completar os alforges não estavam me deixando trocar as marchas. Como estou com a Araucária, uma bike gravel, a troca de marcha no guidão drop, ficou meio comprometida. Fiz algumas paradas nesse rolê para ajustar as coisas, mas como era tudo asfalto cheguei ao porto sem problemas.

Cruce Andino, incrível e difícil ao mesmo tempo!

Bom a chegada a Puerto Pañuelo foi tranquila e dentro do horário, aqui o atendimento é ótimo, deixei a bike próximo ao embarque das malas e me dirigi ao prédio central para pagar a taxa de embarque. Aqui muita gente e muita fila, mas tudo foi rápido e tranquilo. A viagem começou e o primeiro trecho já tem paisagens magníficas, faz frio para um c****. Mas o barco é todo fechado, seguro e se pode ver tudo de dentro. Claro lá fora tudo é bem mais legal apesar do frio, as gaivotas seguem o barco o trajeto todo e rendem lindas fotos, é possível ver toda imponência dos Andes e essa região remota se torna ainda mais linda.

Este trecho rendeu várias fotos legais e foi tranquilo. O rolê termina em Puerto Blest de onde se pedala por 3km até Puerto Alegre. Nesse trecho não precisa levar as malas, o próprio serviço do tour leva elas.

Depois do segundo lago o caldo começou a entornar! Primeiro: temos um trencho de 27km até o lago Todos os Santos, última parte da viagem. Segundo: trecho de rípio MUITO RUIM. Terceiro: nestre trecho é necessário levar a sua própria bagagem, pois será feita a alfândega na chegada antes de entrar no próximo barco. O trecho está composto de:

  • 4km subida inicial
  • 9km de descidas na sequência
  • 16km de plano, mas em rípio

O que ferrou o meu rolê aqui era o peso desbalanceado da bicicleta: era difícil manter em linha reta com as pedras soltas. Isso fazia com que eu tivesse que ir devagar e em muitos trechos de pequenas subidas, tive que empurrar. Soma-se a isso que não estava neste momento na minha melhor forma física. Acho que o que ferrou mesmo é que eu não havia feito nenhum rolê no Brasil, com essa bicicleta mais a carga total da viagem. Se tivesse feito já teria buscado alternativas, mas a vida é feita de aprendizados e é preciso adaptar-se nessas situações..

Ao fim quando faltava 1km para chegar um guarda-parques veio me buscar. Ele me informou que como os tramites de aduana são demorados, era melhor que ele me levasse para acelerar ou eu perderia o barco. Foi extenuante, mas ao fim teria 2 horas de barco para descansar.

O trâmite de aduana é tranquilo: revisam todas as malas para coisas de origem natural. Essa é a parte chata, mas consegui fazer rápido. Acho que o oficial já estava a fim de encerrar as coisas e eu também não levava nada suspeito. Antes de partir é preciso passar na polícia, onde te registram a entrada. Aqui algo curioso: a delegacia de polícia é a casa da pessoa. Eu estava ali, na sala da pessoa entregando meu passaporte enquanto uma criança assistia desenhos na TV e comida era preparada na cozinha, pegada a esta sala.

A oficial me perguntou a marca e o número de série da bicicleta, foi engraçado ter que soletrar “Bornia & Cox”, nome dos construtores que fizeram a minha bike. Acredito que não seja uma marca comum por aqui!!! uahehaeaheu

Segui felizão para o barco: agora era só cruzar o lago e subir e ir para o refúgio no Vulcão Osorno! (sabe de nada inocente….)

O descanso nos trás experiências incríveis

Pensei que as duas horas de barco me deixariam zero bala para seguir viagem, mas a verdade é que ainda estava cansado e precisa me recompor. A chegada a Petrohue foi tranquila, parei no porto para comer algo, reidratar e continuar. Fiz tudo com muita calma, sem pressa. Fiquei na beira do lago comendo quando um senhor se aproximou perguntado sobre o barco. Informei que não sabia nada de horários. Mas este senhor era daquele tipo falante, que quer conhecer. Ficou me perguntando coisas, sobre a bicicleta e criou-se aí uma conexão maravilhosa.

Viajava com sua família, sua mulher já havia vindo ao Brasil e foi uma festa só. Suas filhas chegaram ele dizia todo orgulhoso para elas: “Este é Igor, brasileiro, cruzou a cordilheira em bicicleta.”. Não havia sinal de celular assim que deixei meu contato com eles, mas não tive mensagens até agora. Abaixo as fotinhos que tirei com eles.

Se eu tivesse saído correndo, não teria conhecido essas pessoas e igualmente não teria chegado ao refúgio. Esse será a outra mudança no rolê conto num próximo post!

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