Sabe de nada inocente

Quando estamos planejando esse tipo de viagem, é um negócio realmente muito louco. Estamos ali vendo mapas, rotas, lugares. Mas tudo não passa de símbolos e cores numa tela de computador. O real está muito distante disso e é aí que a nossa empolgação nos faz dar aquelas escorregadas.

O rolê do Cruce Andino terminava na vila de Petrohue, de onde eu teria que pedalar até Puerto Montt ou Puerto Varas. Um rolê de mais uns 60 km. Achei que era muito para um fim de dia, e resolvi ficar no meio do caminho, numa região chamda Ensenada. Comecei a procurar hospedagem nesse local pelo AirBnb, não queria ter que acampar já na primeira noite de rolê. Nessa busca encontrei um refúgio de montanha no Volcán Osorno. Seriam somente 30km de pedal, seria perfeito e uma experiência sensacional: nunca havia ficado em um refúgio de montanha. Tinha tudo para ser do caralho!!!

Como contei no post anterior, a chegada em Petrohue foi demorada. Eu precisava dar uma descansada boa antes de retomar a estrada. Por volta das 18:30, quando voltei para estrada segui o plano original sentido ao vulcão. Nessa hora minha cabeça a martelar: “você vai subir um vulcão a essa hora do dia?”. Claro que ainda tínhamos um bom tempo de luz do sol, já que o sol se põe bem tarde nessa época do ano por lá, mas ainda assim seria meio que loucura. Segui adiante, até que cheguei na saída que levava ao caminho para o vulcão: uma placa informava que seriam 13km vulcão acima. Nessa hora ficou claro que essa parte da rota havia sido um erro retumbante: Cruce Andino + Volcán Osorno no mesmo dia não ia rolar.

Seguindo o intuito de ser flexível e todas as discussões filosóficas que estava fazendo comigo mesmo, mudei os planos me hospedei na base do vulcão. Aqui outro aprendizado: durante a programação parecia que não havia nada naquela região, mas muito pelo contrário, havia inúmeras opções de hospedagem para todos os lados, nas grande maioria campings ou as cabañas (chalés comuns nessa região da Patagônia). Entrei no primeiro camping que encontrei e não havia disponibilidade. O cara do camping me indicou um outro camping próximo, fui até lá e por sorte tinha disponibilidade, para camping e não para cabañas. Não planejava acampar tão cedo na viagem, mas já estava virando abóbora e queria parar e descansar. Parei ali mesmo e bora viver essa experiência!

Fiquei no camping Barloviento, uma experiência bem diferente do que eu já tive: primeiro existem áreas cobertas para cada barraca com o espaço específico para a quantidade de pessoas, no meu caso 1. Cada uma dessas posições contava com uma churrasqueira, uma mesa, luz elétrica e uma tomada. Então estava tudo ótimo dormiria na barraca, mas com a possibilidade de carregar todos os dispositivos, cozinha com um mínimo de estrutura e com uma mesa para organizar tudo. Parta essa viagem optei por um barraca individual, então o espaço interno é bem reduzido para ficar organizando bagagem. A mesa ajudou muito nesse processo!

Infelizmente não tirei fotos do local, mas o camping ficava na beira da praia. Organizei as minhas coisas e ainda sobrou tempo para apreciar o por do sol no lago Llanqiuhe. Definitivamente uma experiência calmante. Depois de um dia com tantas coisas, tantos desafios, tantas reflexões filosóficas, ficar ali sentado simplesmente contemplando a natureza, as pessoas que relaxavam (algumas ainda dentro d’água), foi realmente revigorante. Havia sido somente um dia de viagem e já me sentida distante de tudo, de toda correria e imerso num aquário de energias revigorantes. Agora o negócio era comer alguma coisa e dormir.

Perrengues fazem parte e nem são tanto problema

O rolê no primeiro dia passava pela aduana chilena, que eu já sabia de antemão que era um processo demorado e em que eles enchiam o saco com qualquer tipo de comida ou coisas naturais trazidas. Assim não fiz nenhum tipo de compra em Bariloche e deixei para fazer isso no lado chileno. Cheguei ao camping Barloviento tarde e o que eu mais queria era descansar, para completar o mercado próximo já estava fechado. Eu havia comido em Petrohue decidi lambiscar algumas coisas que comprei em Petrohue e deixar para comer no dia seguinte.

A noite foi uma delícia, descanso com o barulho das ondas do lago, não estava frio, então foi uma noite muito gostosa. Acordei cedo, naturalmente e resolvi sair para comprar coisas para o café da manhã! Comprei macarrão, biscoitos, suco… Acabei não comprando pão, o mercadinho próximo tinha poucas opções veganas para passar no pão, nem uma geleia… Achei mais tranquilo não levar esse peso morto de forma desnecessária. Para o café fiz um cházinho maravilhoso com biscoitos, cozinhei um macarrão, que coloquei no pote térmico. Fora esses perrengues com a comida, tudo estava muito bom descansei bastante, reabasteci tudo, organizei a bike e fui para a estrada: a subida do vulcão Osorno prometia.

Infelizmente, eu demorei bastante nesse processo, quando comecei a subir era meio dia. Não estava muito preocupado pois escurecia tarde, então eu tinha bastante tempo para subir. A experiência de estar em vulcão seria sensacional, eu não conseguia nem imaginar o que seria.

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