Mais mudanças nos planos, mas não muito

Eu já tinha reservas para duas noites no refugio Volcán Osorno, a ideia era chegar num dia, no dia seguinte fazer a caminhada até o topo do vulcão, dormir mais uma noite e então seguir viagem. Com a noite não planejada na base do vulcão no primeiro dia, esse planos tiveram que mudar. Resolvi ficar somente uma noite no vulcão. Meus planos ainda iriam mudar mais um pouco, mas já já conto por que.

É só uma subidinha…

Saí do camping Barloviento tranquilo. Bem carregado, mas tranquilo. Eram cerca de 3km até o início da subida. Esse trecho foi tranquilo, quando cheguei no início da subida estava bem e comecei a escalar a subida sem sentir tanto o esforço. O dia estava ensolarado, mas fresco e bem tranquilo. Com alguns kilometros, já comecei a ver que o esforço seria grande. Segui pedalando. A primeira parte é uma subida reta sem fim. Nesse trecho, é importante a concentração: a reta vai deixando difícil a subida. A estrada tem movimento, mas não muito, então em alguns momentos dá para fazer um zigue-zague para dar uma aliviada no esforço. Com 3km encontrei o Kotaix Bike Park pelo caminho, já havia visto pelo Google Maps, mas não tinha dado muita bola. Chegando ali vi que havia também uma cafeteria, achei que seria interessante parar para descansar e conhecer.

A parada aqui foi sensacional: descobri que o o bike park é específico de pump track, pistas no estilo bicicross, para uso com umas bicicletas específicas pequenas onde o foco é não pedalar muito e percorrer a pista toda aproveitando as descidas e subidas. Faz-se um movimento de pendulo para baixo que impulsiona para cima, daí o termo pump: fica-se o tempo todo bombeando a velocidade para cumprir todo o circuito.

Francisco, funcionário do local me atendeu super bem, tivemos um ótimo papo e me estimulou a testar a pista. Fiquei meio inseguro, se me quebro ali era o fim da viagem. O café, ele ia fazer num estilo meio café turco e ia demorar um pouco. Acabei sendo convencido por essas circunstâncias a tentar o rolê. Um pouco mais sobre a pista: existe uma empresa europeia que constrói essas pistas chamada Velo Solutions e aquela pista é oficial, construída por essa empresa e pode participar de competições oficiais tendo várias já acontecido ali, bem no pé do vulcão Osorno, naquele lugar incrível.

Francisco me arranjou uma bicicletinha, pequena, guidão baixo, banco mais baixo ainda. Me explicou que é assim mesmo: não é para sentar e nem pedalar. Deve-se pedalar um pouquinho e o resto conseguir com o jogo de corpo. Tudo tão baixo facilita e dá liberdade de movimento. O freio não freava nada, fiquei tenso com isso, mas faz parte da brincadeira. O objetivo do freio é reduzir a velocidade mas não parar. Como as descidas são bem íngremes e curtas, um freio que travasse as rodas seria mais perigoso.

Dei a primeira volta me cagando de medo, metendo o pé no chão varias vezes. Ao fim da primeira volta eu já comecei a entender como funcionava o rolê. Já tava tendo coragem de fazer as descidas sem medo. A segunda volta foi melhor, já consegui fazer ela completa sem descer da bike. Fui para a terceira volta e já estava me sentido OFEGANTE!!! Resolvi que ia parar ou não iria conseguir subir o vulcão. Definitivamente um experiência interessante, mas cansativa. Deve ser um ótimo exercício de cardio!

Parei e fui tomar o café que estava quase pronto. Fiquei conversando com o Francisco sobre a viagem, sobre os meus planos e os próximos passos. Foi um papo muito bom. O café ficou pronto e estava uma delícia, enquanto aproveitava esse liquido negro precioso resolvi perguntar sobre o vulcão. Havia ouvido no Cruce Andino, que está previsto de o vulcão entrar em erupção em 2030. Queria saber se era isso mesmo. Francisco me confirmou que sim, o vulcão é ativo, mas deu mais detalhes: já era para o vulcão ter entrado em erupção há uns 10 anos. Também me tranquilizou que a região toda está treinada para evacuação em caso de emergências. Me contou também, que antes de entrar em erupção, o vulcão começa a soltar fumaça, tremores são sentidos… As chances de o vulcão entrar em erupção durante a minha estadia era remota, já que nenhum desses sinais prévios estavam acontecendo.

Francisco também me contou a lenda de Licarayen. Uma lenda antiga, dos nativos Mapuche, que conta as origens da região, como a conhecemos hoje, depois de uma erupção do Osorno (que, óbvio nessa época não tinha esse nome). O resumo da história é que o vulcão entrou em erupção destruindo tudo em volta. Ninguém sabia o que fazer até que um sábio indígena diz que a única maneira de acalmar o espírito mau de dentro do vulcão seria com o sacrifício da mulher mais pura da aldeia. Ao final das contas, todos se dão conta de que a jovem que satisfazia esses requisitos, seria a filha do pajé. Era ela que deveria ser sacrificada por ser a mais pura da aldeia. A coitada é sacrificada e seu pretendente em seguida se mata. Imediatamente um condor gigante aparece, toma o coração dos dois no bico e joga na cratera do Osorno. Após isso o vulcão se acalma, mas todo o estrago da erupção já havia mudado toda a geografia da região, mudando inclusive o curso do rio Petrohue.

Mais acima na subida, num centro de informações, um painel apresentava a lenda completa que deixo aí abaixo.

Gosto muito dessas lendas nativas, elas são cheias de história e ensinamentos, essa no entanto achei meio sem pé nem cabeça e uma puta sacanagem com a coitada da Licarayen. Mas não conheço nada da cultura Mapuche, então não posso opinar. Para completar esses povos nativos foram brutalmente dizimados, fica difícil entender o que é parte da lenda original e o que se perdeu da lenda original Mapuche. De qualquer forma foi uma maneira legal de conhecer como a erupção é violenta e muda completamente a geografia de um lugar.

A pausa aqui foi revigorante, e agora era hora de pegar a estrada novamente! Antes da saída, Francisco me disse que por mais alguns kilometros a estrada seria reta, chata e pesada pela inclinação. Mas que depois começariam as curvas e o trajeto ficaria mais fácil. Isso me ajudou a ter mais ideia do que me esperava pelo caminho e segui feliz.

Subida sem fim e pesada, mas vamo que vamo!

A subida foi seguindo pesada e me obrigando em muitos momentos a parar para recuperar o fôlego e reidratar. Uma loucura, mas que eu estava decidido a concluir. A estrada é muito organizada, com marcas de distância a cada 20 metros, o que facilitava ir controlando o meu progresso. Qualquer 100 metros concluído aqui era motivo de grandes comemorações! Fui seguindo e conforme fui chegando mais perto das partes com curvas, a visão do Osorno, ali imponente e majestoso começou a me dar mais gás par subir. Fiz várias paradas para fotos sensacionais.

É interessante estar nessa subida e ficar vendo os carros passando de volta à região do lago, no sentido oposto. Muitos me olhavam com uma cara de “esse maluco é retardado” enquanto outros achavam interessante dando buzinadinhas. Numa das paradas para descanso um cara abriu o vidro gritou “Há um mirante logo ali”, o cara estava realmente feliz de me dar uma informação valiosa frente ao meu cansaço. Foi muito legal, me dirigi ao mirante, aproveitei para vislumbrar a vista do lago lá embaixo e o vulcão cada vez mais próximo.

Ficar vendo ali aquela beleza toda, subindo aquela montanha, realmente me fez sentir pequeno ao mesmo tempo eu me sentia vitorioso. Fazia tanto tempo que eu não fazia um rolê desses, estar subindo aquele vulcão como uma formiguinha (cheia de carga) estava sendo interessante e eu estava vencendo. Estava sendo cansativo ao extremo mas, igualmente recompensador.

O caminho possui vários mirantes, vários pontos de parada para recobrar as energias. Em um deles vi um bichinho, uma espécie de cachorro selvagem pequeno. Um misto de mini raposa com cachorro. Não sabia que bicho era, mas estava ali, andando calmamente, literalmente cagando para a minha presença. Depois descobri que esse era um Zorro Culpeo, uma das espécies nativas do parque. Foi calmante e revigorante ficar vendo aquele serzinho andando por ali e depois seguindo seu caminho para longe da estrada novamente.

Zorro Culpeo caminhando tranquilamente…

Num desses mirantes havia um centro de informações vulcânicas. Com várias informações sobre os tipos de vulcões e seu estragos, além da lenda completa da Licararyen. O local é uma cafeteria, mas estava fechado, talvez somente funcione em fins de semana. Foi um ponto bom para descansar e seguir viagem, aqui eu já estava chegando próximo dos caracoles, aquelas curvas todas juntas em estradas íngremes. Quando cheguei nessa parte, eu já estava bastante exausto. Olhar todas aquelas curvas me deu um pouco de desespero. Eram muitas e eu podia ver até onde a vista alcançava que elas não terminavam. Mas estava decidido a chegar ao topo. Concentrei bastante e fui seguindo.

Foi um trecho bastante pesado, mas no meio havia uns pequenos trechos planos com uma pequena decidinha. Isso ajudou a aliviar um pouco, apesar de eu saber que eu teria que continuar subindo. As últimas 3 curvas foram particularmente exaustivas. Nesse ponto minha água já estava começando a acabar, precisava controlar mais isso. Depois de muito andar comecei a ver uma pequena estação meteorológica e mais algumas construções: estava bem perto. Mais algumas pequenas curvas, e eu já podia ver a estação de esqui, faltava pouco menos de 1 km. No meio desse trecho havia uma placa indicando que o refúgio era para a esquerda. Esse lado era menos íngreme o que me alegrou bastante. Subi na bike e fui pedalando, no meio dessa subida cãibras absurdas começaram a surgir. A dor era insuportável, me obrigando a descer da bike. Não havia posição que aliviasse o sintoma. Pensei que ia dar merda bem grande aqui. Procurei a posição que era menos desconfortável e tentei alongar. Fiquei alguns minutos ali concentrando e literalmente falando com o meu corpo, as coisas começaram a melhorar um pouco, subi na bike venci estes últimos metros. Estava literalmente no meu limite, mas consegui chegar ao refúgio. E foi uma festa!

Chegando ao refúgio

Fiz vídeo comemorando a minha chegada e fotos da vista que era sensacional. Estava realmente feliz. Entrei no refúgio e ali estava bem quentinho, com uma música bem gostosa de rocks clássicos tocando. Foi realmente aconchegante. Esperei por alguns momentos para a responsável vir me atender. Quando ela chegou me perguntou como havia feito a reserva e aí veio a bomba: estava no refúgio errado!!! auheauheuaheuaheu Ela me disse que era o próximo e que estava perto, mas eu estava exausto: só conseguiria sair dali depois de me recompor um pouco. Pedi a ela uma garrafa d’água que veio trincando no gelo. Essa aguinha foi revigorante, saí do refúgio rumo ao próximo ainda bastante cansado. Como a estrada era de terra a partir dali, achei melhor ir empurrando a bike.

A distância entre os dois refúgios era pequena e entre eles havia a residência de um guarda parque. Decidi parar ali e perguntar se estava indo ao lugar certo. Se chegasse lá e não fosse o lugar certo daria merda. O guarda parque foi super atencioso e me disse que sim, só haviam aqueles dois refúgios ali que eu podia ficar tranquilo. Segui andando, subi o pequeno barranquinho que dava acesso ao refúgio e finalmente cheguei. Esses últimos metros, cerca de 500m, foram quase intransponíveis. Uma loucura.

A felicidade do tolo que não sabe que está no lugar errado!

A chegada ao refúgio certo foi igualmente acolhedora: o Sebastián, responsável pelo lugar me recebeu super bem, me ajudou a subir com a bike a escada da entrada. Lá dentro tudo estava igualmente aconchegante, Sebastián me apresentou o refúgio, peguei meus alforjes, passei pela cozinha para reidratar e em seguida fui direto para o banho. Precisava urgentemente me recompor! No banheiro vi como eu havia desidratado nessa subida. Mas agora estava tudo sob controle: uma ducha quentinha e uma janta era tudo o que eu queria.

Dá para ver pelas fotos abaixo, que eu já era outra pessoa depois de tudo isso!

Ainda havia bastante luz do dia, pensei em ir à estação de esqui andar no teleférico, mas eu estava realmente a fim de descansar. Fiquei ali comento e apreciando a vista. No dia seguinte eu avaliaria o que fazer. Sebastián e sua companheira chegaram e começaram a me dar inúmeras dicas do que fazer ao longo do meu rolê e sobre a própria estação de esqui. Foram muito atenciosos e acolhedores. Ali já estava claro que subir até o topo do vulcão teria que ficar para outra oportunidade: é uma caminhada de 6 horas, não daria para fazer isso e ainda seguir viagem no mesmo dia. Resolvi que no dia seguinte eu ia conhecer o vulcão pelo teleférico, um passeio de umas 2 horas e depois seguiria viagem.

Sobre o refúgio

Essa foi uma viagem de novas experiências. Ficar em um refúgio de montanha definitivamente foi uma experiência nova. Descobri ao longo de todo o rolê que é preciso entender para qual refúgio estamos indo. Alguns possuem mais infra estrutura, como duchas e cozinha, caso do Refúgio Volcán Osorno. Outros, possuem bem pouca infra, como o caso do Otto Meiling (os detalhes conto em um post específico). É preciso entender que em diversos casos esses refúgios estão em locais muito isolados, de difícil acesso e que muitas vezes a única maneira de levar qualquer tipo de suprimento é caminhando montanha acima.

No caso do Volcán Osorno, há uma estrada de asfalto até nem próximo do refúgio. Isso facilita o acesso e garante ao refúgio mais conforto. Normalmente esses refúgios são compostos de 2 andares: no térreo ficam as áreas comuns e no segundo andar ficam os dormitórios, que podem ser coletivos ou individuais. Neste caso específico, havia um grande dormitório, cheio de beliches e mais 2 dormitórios privativos. Para os dois casos o banheiro é coletivo, no térreo.

Normalmente esses refúgios não oferecem lençóis ou cobertores, o viajante deve trazer o seu saco de dormir. Me foi fornecido um travesseiro com fronha em um lençol para cobrir o colchão. O refúgio possui calefação, de modo que se você não possuir saco de dormir, pode usar uma roupa aquecida, como moletons e dormir de boa. Para outros refúgios é bom verificar isso, quanto mais remoto, menor a infra. Pode acontecer de a calefação ser limitada.

Sebastián me contava que estavam revitalizando o refúgio que esteve por bastante tempo abandonado. Sendo assim, algumas coisas ainda não estavam 100%. Os banheiros estavam limpos, mas das duas duchas, apenas uma possuía condições de uso. Os banheiros possuíam sabonete para lavar as mãos e papel higiênico, esse ponto é importante: nem todos os refúgios fornecem papel, então prepare-se principalmente no caso de precisar fazer um numero 2! uaheahehauehau Aqui no Volcán Osorno esses itens básicos de higiene todos estavam presentes.

A ducha foi perfeita: água quente e abundante (apesar de um aviso para cuidar e não desperdiçar esse recurso precioso). Faltavam pequenas estruturas como um local para pendurar a necessaire próxima da ducha. Mas nada que fosse um problema ou algo que me faria não voltar ao refúgio. Continuo recomendando a experiência.

O refúgio também contava com uma boa cozinha com panelas, fogão, água filtrada em grandes galões para beber e água potável da torneira para cozinhar. Eu havia feito algumas compras no mercadinho na base do vulcão então tinha tudo para fazer uma refeição fresquinha à noite. Esse é outro ponto de atenção: alguns refúgios possuem serviço de alimentação com menu de comidas e bebidas, no caso deste refúgio, não havia menu ou qualquer tipo de serviço. Então a única opção de alimentação é cozinhando. No alto do vulcão não há nenhum mercadinho ou lugar para comprar suprimentos, então é importante se preparar e levar tudo o que precisa. Mesmo de carro, descer para a base é demorado. O outro refúgio possui um bar com opções de bebidas e algumas comidas. A estação de esqui também possui uma cafeteria com diversas opções. Nenhuma delas vegana, então no meu caso eu precisava estar preparado e estava. Foi tudo perfeito.

Eu já tinha comida pronta, sobra do que eu havia cozinhado no camping e estava no pote térmico. Dessa forma, à noite eu comi o que havia no pote e ainda fiz uma sopinha (dessas prontas) de tomates com ervilhas. Essa comidinha foi revigorante e aconchegante. O refúgio possui paredes externas super grossas, e a área comum é rodeada de imensos janelões de vidro de onde se pode apreciar a paisagem. Essas paredes grossas, forma uma plataforma grande junto a janela o que permite que se sente rente a janela e fique ali apreciando aquela paisagem com um bom chá ou qualquer outra bebida quente. Para completar o refúgio possui internet, consegui usar o celular e o computador sem problemas, deu para fazer umas pequenas coisas de trabalho e ainda enviar fotos para a família aqui no Brasil.

O refúgio também conta com bastante espaço, o que permitiu que a bicicleta e toda a bagagem ficassem dentro do prédio, junto comigo. Definitivamente foi uma experiência muito boa e aconchegante.

O que fazer aqui?

Essa é uma região de esportes de neve, com o vulcão Osorno sendo uma referência nesse tipo de esporte na região. Dependendo da época do ano é possível praticar esportes de neve de todo tipo: ski, snowboard, skibunda e outras atividades. É possível contratar passeios com guia no vulcão, esses passeios são longos e requerem preparação física. Eu gostaria muito de ter feito um desses, mas não foi possível por conta das mudanças da viagem. As pessoas também voam de parapente aqui, fiquei super animado de voltar aqui e voar. Fiquei de procurar clubes de voo chilenos para buscar mais informações sobre isso.

Sebastián me contava que normalmente as pessoas pousam ali na região do refúgio, já que deixaram seus carros ali, mas que ele acredita que seja possível voar do vulcão e pousar lá embaixo no lago Llanquihue. Seria uma experiência incrível.

O outro refúgio possui algumas opções de lazer como tirolesa, e que podem ser contratas mesmo que você não se hospede lá. A estação de esqui possui as telesillas, os famosos teleféricos de cadeirinhas morro acima.

O teleférico é super tranquilo, seguro e um passeio que pode ser feito qualquer pessoa de crianças a idosos. O teleférico possui dois trechos, esses trechos podem ser feitos de teleférico ou a pé. Dessa forma na hora de comprar os tickets, você pode escolher em fazer tudo de teleférico, ou alguns trechos a pé. Os trechos feitos a pé não são cobrados, mas a subida é íngreme e é preciso tempo e disposição. Entre cada trecho, existe uma pequena caminhada (menos de 50 metros), em terreno de terra. Acho que a única coisa complicada aqui seria para pessoas com mobilidade reduzida, como cadeirantes. De resto, qualquer pessoa com condições de caminhar consegue fazer o passeio problemas. A compra de todos os trechos juntos sai mais barato, no meu caso saiu CLP 24.000. Lhe entregam um ticket que deve ser apresentado em todos o trechos. A região venta absurdamente, então atenção redobrada com o ticket para não sair voando e ter que voltar a pé!

Ao final do último trecho é possível fazer uma caminhada curta e chegar próximo a área com gelo. Eu a princípio não ia fazer essa caminhada, com medo de me machucar e atrasar o rolê, mas quando cheguei lá em cima achei que seria um desperdício não chegar perto da neve e mudei de ideia. A caminhada é curta, cerca de 400m, mas é íngreme e um pouco técnica, dessa forma, idosos e crianças devem avaliar com carinho se devem subir ou não.

O Sebastián e a Paola trabalham também na estação de esqui, enquanto subia encontrei com eles controlando a entrada nos bondinhos. Ali nos despedimos, agradeci todo o acolhimento e voltei ao refúgio. A partir daqui era descer morro abaixo e seguir viagem. Nesse momento eu ainda não havia decidido se manteria o plano original: seguir a Puerto Montt e tomar o barco para El Chaiten ou se ficaria em Puerto Montt.

A descida do Volcán Osorno

Eu estava um pouco preocupado com a descida. Durante a subida o cheiro de fluído de freio queimado dos carros era frequente, pensei que os freios da bike iriam sofrer morro abaixo. Fui para o refúgio, recarreguei todas as garrafinhas com água, coloquei os alforjes na bike e caí na estrada.

No fim das contas a descida foi super tranquila. Os freios não superaqueceram e deram conta de segurar a bike perfeitamente até lá embaixo. O único inconveniente foi que durante a descida os freios começaram a “cantar” feito loucos. Isso acontece devido ao esforço e ao aquecimento de todo o conjunto. Ao chegar na base do vulcão, onde o conjunto todo já não era exposto a toda essa carga, as frenagens voltaram a ficar silenciosas. O meu conjunto de freios é hidráulico, com pastilhas próprias para dissipar o calor, mas acho que a descida com freios v-break ou ferradura também ocorreria sem problemas. Com freios hidráulicos mais simples, pode dar uma fervida, então é bom controlar e fazer umas pausas durante a descida para evitar o sobreaqueciemto do conjunto todo.

A descida foi rápida e em cerca de 45 min já estava nas proximidades do lago. Fiz uma pequena pausa no mesmo mercadinho do dia anterior para reabastecer com um Gatorade gelado e alguma coisa para comer. A pausa foi curta e logo já estava na estada novamente. E aí? Sigo para pegar o meu barco em Puerto Montt ou mudo os planos? A bike estava pesada e precisa redistribuir a carga. Independentemente do que decidisse teria que parar no meio do caminho, para comprar um bagageiro e colocar parte da carga na parte traseira da bicicleta, mas isso já é história para outro post!

Aguardem.

Deixe um comentário