Minha vida deu voltas nos últimos dois anos. Bastantes voltas. Ao final de 2015 eu saía de uma multinacional, com o objetivo de um projeto pessoal. Nessa época eu pesava cerca de 96kg e meus pedais se resumiam basicamente a ir e voltar do trabalho. Comecei o projeto pessoal e as coisas não foram muito como eu esperava. Várias decepções e várias lições um tanto quanto amargas para aprender.
No início de 2017 o projeto pessoal já tinha ido para o brejo e meu projeto de vida era recomeçar e voltar a fazer tudo o que eu tinha deixado de lado na minha vida. Nessa retomada fui apresentado à oportunidade de participar da prova 9 de Julho pela equipe do Instituto Cicloativo do Brasil. Foi uma experiência verdadeiramente incrível. Eu sempre fui meio preconceituoso com bicicletas de estrada, mas depois de participar de uma prova daquelas, achei que deveria rever meus (pre)conceitos. Foi uma experiência incrível que eu definitivamente queria fazer de novo.

Assim eu fui pesquisando e pouco a pouco montei a Celeste, esta speedzinha azul aí da foto. O que ela tem de especial? Nada e tudo ao mesmo tempo. Nada, pois ela não tem nenhum componente de última geração: quadro de aço carbono (vulgo ferro) comprado pelo Facebook, grupo Shimano Claris usado comprado via Mercado Livre, rodas usadas compradas via Facebook e o resto comprado numa bicicletaria de um amigão em Sertãozinho.

Por outro lado a bike tem tudo de especial, pois está comigo num momento de recomeço. Está comigo num momento onde estabeleço novas metas e tento ser uma pessoa mais leve e menos desesperada. Está comigo num momento onde coloquei na minha cabeça que não vou mais ficar me preocupando com merda e sim com o que é bom.
A experiência da 9 de Julho foi tão legal que eu estabeleci a meta de correr em 2018, abaixar o meu tempo e de algum jeito dar pódium. Comecei a treinar e me disciplinar pois a final de contas essa não é a minha única meta. Então colocar tudo no tempo certo está sendo um senhor desafio. As minhas metas tem de tudo: desde construir um quadro de bicicleta até desenvolver um aplicativo de celular, passando no meio do caminho por várias ideias de empreendimentos.
Até o momento o saldo está sendo extremamente positivo. Hoje estou com 79 kg, estou cercado de pessoas que valorizam o meu trabalho e vejo o meu progresso na bike melhorar a cada dia. Mas o mais importante para mim é que estou vivendo de forma mais leve. Desenvolvi uma máxima para mim: vou focar na não merda. A nossa tendência é focar nos problemas, no que está ruim. Mas se olharmos à nossa volta, estamos cheio de coisas e acontecimentos que podem não ser ótimos, mas são, com certeza, muito melhores que todos os problemas que estão à nossa volta.
Será que em 2018 conseguirei pódium na 9 de Julho? Não faço ideia, estou treinando muito para isso, mas o mais importante é que estou participando de tantas provas e eventos legais e conhecendo e reencontrando tanta gente carinhosa que só isso já está sendo uma presentão para esse início 2018. Que toda a MERDA fique no passado, daqui para a frente quero só coisas boas!